Enem terá comissão para revisar questões consideradas ideológicas pelo governo
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Enem terá comissão para revisar questões consideradas ideológicas pelo governo

O governo de Jair Bolsonaro (PSL) vai criar, por meio do Ministério da Educação, uma comissão especial para analisar as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e excluir aquelas que incidem em suposta "ideologia de gênero", à qual o presidente já fez diversas críticas. As informações são do jornal O Globo .

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A medida foi anunciada em uma reunião interna nesta semana e confirmada pelo Inep. O Banco Nacional de Itens fornece questões para todas as provas ligadas ao governo, mas a primeira a ser analisada será o Enem , que só é montado mais perto da data de aplicação, em novembro, e passará por inspeção para não ter questões consideradas "ideológicas" pelo governo.

Depois, o MEC também pretende que a nova comissão analise as provas que compõem o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que são usadas para medir o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), para medir a qualidade do ensino superior.

A comissão especial que analisará as questões dos exames terá quatro integrantes, dois deles serão indicados pelo MEC e os outros dois poderão ser ocupados por um representante do Inep ou alguém "de fora" do governo, mas ligado à área da educação. 

O grupo será criado pelo presidente do Inep , Marcus Vinicius Rodrigues, que afirmou que a prova deste ano já será feita com a revissão da comissão. De acordo com ele, o objetivo é fazer um exame para medir o conhecimento sem uso de "termos e posições" em desacordo com a "nossa sociedade".

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"Nosso objetivo é fazer com que as provas mantenham o respaldo técnico que já têm. São provas excelentes, mas também queremos fazer com que essas provas busquem o conteúdo usando termos e posições que tenham alinhamento mais adequado com a nossa sociedade", declarou Rodrigues ao Globo .

"Não sei como uma questão de ideologia de gênero poderia medir o conhecimento de um profissional que venha a atuar no mercado. Como ela, provavelmente, não vai mensurar esse conhecimento, vou sugerir, sim, que uma questão que tenha essa conotação não conste na prova", completou. 

No entanto, segundo educadores, a abordagem sobre identidade de gênero na educação pode trazer benefícios, como a colaboração para o combate da violência contra a mulher, machismo, e homofobia, além da prevenção de gravidez na adolescência. 

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Recentemente, Bolsonaro anunciou que iria ver o Enem antes da aplicação da prova. Questionado sobre isso, Rodrigues afirmou que decidirá quando houver um pedido do presidente. "Bolsonaro é o presidente do Brasil, com a legitimidade de 60 milhões de votos. Se ele achar conveniente olhar a prova, o presidente do Inep, dentro de aspectos legais e jurídicos, tomará essa decisão", defendeu.

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